Como a Temu e a Shein responderão às tarifas da América Central?
Em resposta ao aumento de produtos baratos exportados da China por meio de plataformas de comércio eletrônico, os países da América Central e do Sul vêm eliminando as políticas de isenção de impostos de importação ou aumentando as tarifas. Com o rápido crescimento do número de usuários do comércio eletrônico, o setor varejista nacional, em particular, está exigindo regulamentações mais rigorosas.
No entanto, as plataformas de comércio eletrônico estão respondendo aumentando a produção local, e seu ritmo de vendas não diminuiu.
Em 15 de agosto, o governo mexicano aumentou as tarifas de importação para 33,5% sobre produtos de pequeno valor, com valor inferior a US$ 50, enviados da China e de outros países, visando plataformas de comércio eletrônico transfronteiriço chinesas como a Temu e a Shein. Em janeiro, o México aboliu seu sistema de isenção de impostos para importações de pequeno valor e impôs uma tarifa de 19% sobre produtos de países sem acordos comerciais.
O Chile abolirá sua política de isenção de impostos para produtos abaixo de US$ 41 e imporá uma tarifa de 19% a partir de outubro. O Equador impõe uma taxa fixa de US$ 20 sobre produtos de pequeno valor, e o Uruguai também está considerando impor um imposto sobre produtos de baixo preço adquiridos em sites de comércio eletrônico no exterior, excluindo os Estados Unidos, acima de um determinado número de compras.
Na América Central e do Sul, o número de usuários de plataformas de comércio eletrônico chinesas está aumentando rapidamente. Dados da empresa de pesquisa americana Sensor Tower mostram que os usuários ativos mensais (MAUs) da Temu aumentaram 80% até janeiro, em comparação com o ano anterior, nos oito países sul-americanos e no México para os quais há dados relevantes disponíveis. A SHEIN, que já possui uma grande base de clientes, também registrou um aumento de 20%.
Os MAUs da Temu aumentaram 2,5 vezes no Brasil e 43 vezes na Argentina, ambos apresentando crescimento expressivo. O influxo de produtos chineses já de baixo preço, com isenção de impostos ou tarifas reduzidas, superou as expectativas, gerando crescente descontentamento em vários países em relação ao impacto nas indústrias nacionais.
Essa medida também visa se alinhar à postura rígida do governo Trump em relação à China. Em maio, Trump eliminou as restrições de isenção de impostos sobre importações chinesas abaixo de US$ 800. Acredita-se que o número de pacotes importados com isenção de impostos para os EUA chegue a aproximadamente 1,3 bilhão anualmente.
Desde a vitória de Trump nas eleições presidenciais em novembro de 2024, o México tem conduzido repressões em larga escala contra importações ilegais suspeitas de marcas falsificadas fabricadas na China e em outras partes da Ásia, e apresentou os resultados a Trump.
O México anunciou um aumento nas tarifas sobre pequenas importações em 28 de julho, pouco antes de Trump anunciar um aumento de 30% nas tarifas sobre o México em 1º de agosto. Após o anúncio do México, Trump adiou o aumento de 30% nas tarifas por 90 dias.
Seis países sul-americanos têm mais comércio com a China do que com os Estados Unidos.
Por outro lado, muitos países da América Central e do Sul fortaleceram rapidamente seus laços econômicos com a China. Nos últimos 25 anos, o comércio entre a América do Sul e a China se expandiu 40 vezes. Em 2023, seis dos 12 países sul-americanos tinham mais comércio com a China do que com os Estados Unidos.
A eficácia dessas medidas tarifárias mais rigorosas permanece incerta. Em agosto de 2024, o Brasil se tornou o primeiro país da América Central e do Sul a abolir seu sistema de isenção de impostos. A SHEIN está respondendo aumentando o número de fábricas parceiras nacionais e expandindo sua plataforma de e-commerce, que conecta empresas locais aos consumidores.
Dados da Sensor Tower mostram que, mesmo após o fim da política de isenção de impostos, a base de usuários da SHEIN e da Temu no Brasil continuou a crescer. O Financial Times (FT) noticiou em 26 de agosto que a Temu, que havia suspendido as exportações e vendas da China para os EUA devido à política de isenção de impostos de maio, retomou as vendas em julho.
